Quais serão os temas e as mensagens principais de ‘Volta por Cima’?
‘Volta por Cima’ é uma história de superação, de pessoas que enfrentam as batalhas do dia a dia com otimismo, garra e alegria. Através das histórias de Madá (Jéssica Ellen), Jão (Fabrício Boliveira) e Osmar (Milhem Cortaz), a obra fala sobre conquistas e o preço que estamos dispostos a pagar por elas. É também sobre dinheiro, e se ele pode estar acima dos laços familiares. A ética dentro das famílias foi um assunto que eu observei muito durante a pandemia, quando, ao perder parentes, as pessoas começaram brigas por bens – desde um jogo de panelas até um terreno ou uma fortuna. Famílias de todas as classes sociais começaram a ter desavenças por causa de dinheiro. E a gente questiona se vale a pena passar a perna num parente: o que você ganha ou perde com isso? Outro tema vai ser a busca por propósito na vida. A Madalena está em busca de conhecer o propósito dela e vai se encontrar no ramo de eventos, que alia trabalho, criatividade e o desejo por proporcionar momentos felizes, bem a cara da Madá. O empreendedorismo em si é um tema que a gente vai abordar, desde o ‘Pegue e Monte’, que é o começo da Madalena, até ela entrar em contato com instituições que ajudam pessoas a se profissionalizarem. O propósito da vida do Jão é crescer na carreira. Ele se formou e não conseguiu ainda exercer a profissão para a qual ele estudou. Ele é um fiscal de ônibus e cursou Administração, se formou em uma das primeiras turmas que entraram através do sistema de cotas.
O que te inspirou para a construção dessa história?
O que me inspirou foram justamente histórias de pessoas que escolhem caminhos diferentes para alcançarem aquilo que desejam, levando ou não em consideração a ética e a moral. Na família Souza, por exemplo, nós temos personagens, como a Madá (Jéssica Ellen), que busca crescer na vida de maneira honesta, e do Osmar (Milhem Cortaz), que faz isso por caminhos tortos. O Osmar tem muito de várias pessoas da minha família, especialmente o jeito folgado, que se lamenta. Doralice (Tereza Seiblitz) também: tem muito da minha mãe.
Como o universo dos ônibus será retratado na novela?
O ônibus é um elemento muito presente na trama e na vida dos brasileiros, não é só um cenário, mas um contexto em que várias pessoas estarão no seu dia a dia, tanto os funcionários, como fiscal, motorista, o pessoal da administração da empresa, quanto os passageiros. A gente tem muitas cenas de passageiros, de disputas por lugares, de situações inusitadas dentro do ônibus. A gente vai mostrar tanto o lado divertido e curioso do transporte público, quanto os perrengues e as dificuldades.
Como será o subúrbio de ‘Volta por Cima’?
Vibrante, cheio de vida. Ele é uma mistura dos subúrbios cariocas, com a missão de dialogar com os subúrbios do Brasil inteiro através de suas características em comum. Um lugar de luta, de festa e com um grande senso de coletivo.
Por que decidiu falar sobre a cultura dos bate-bolas e como pretende mostrá-los?
Tem o aspecto pessoal e o cultural. O pessoal é que eu tenho um fascínio pelos bate-bolas desde menina, e já saí vestida. Eu comprei uma fantasia na tradicional Casa Turuna, no Centro da Cidade, e saí no Carnaval uns dez anos atrás. Me diverti muito, porque era um sonho de criança me vestir de bate-bola. É uma coisa maravilhosa, todo mundo fala com você na rua. Mas a inspiração, claro, vai muito além dessa experiência. E esses grupos são muito tradicionais, são um fenômeno no subúrbio carioca e só tem aqui, no Rio de Janeiro Quando eu vi que a novela iria atravessar o Carnaval, eu pensei: o que de Carnaval carioca ainda não foi mostrado nas novelas? E aí surgiu a ideia dos bate-bolas. Reconhecer a importância dessa manifestação cultural e poder mostrá-la para todo o Brasil é uma alegria imensa.
Há na trama da personagem Tati uma relação com o gênero K-drama. Como será a inserção desta cultura na história?
É um grande fenômeno que está acontecendo entre os jovens, mas não só com eles. Pessoas de todas as idades estão consumindo esse gênero. E não é apenas o K-drama, na verdade, é uma poderosa onda da cultura coreana, que conecta o público ao redor do mundo, e eu quis enriquecer a novela trazendo esta representatividade. Eu sou uma pessoa que assiste k-drama, dorama, e eu falei: por que não ter um k-drama dentro da novela? A gente vai ter uma série que a personagem Tati, vivida pela Bia Santana, assiste. Se chama “Pétalas de Amor”. É claro que vai ser pontual, vai ser esporádica, mas o público vai poder acompanhar o desenrolar da trama como uma história paralela. No elenco da novela, temos atores de ascendência asiática como origem em diferentes países (Coreia, Japão, China), que estão em núcleos diferentes, com suas tramas próprias. Esses personagens são brasileiros, que cultivam as culturas de seus antepassados com respeito e amor.
Ao longo da sua carreira você colaborou em diversos projetos de humor e as novelas que escreveu, todas das sete, tinham essa veia. ‘Volta por Cima’ também traz esse elemento?
Com certeza. Todos os meus personagens passam por situações que a gente passa na vida. A nossa vida não é só uma tragédia, um drama ou uma comédia. Eles estão propensos a viverem situações dramáticas e engraçadas. A gente vai se emocionar muito, e vai dar boas risadas nessa novela.