Com uma brilhante carreira, a dramaturga entendia como ninguém o gosto do público.

Janete Clair completaria 100 anos na data de hoje (25 de abril de 2025). Responsável por imortalizar tramas que marcaram uma época e reverberam até o presente, tornou-se uma das principais autoras do horário nobre da Globo. Seu nome, além de ser reverenciado por revolucionar o jeito de escrever novelas, segue assinalado em livros e na memória de muitos. São muitas as tramas de sucesso, algumas revisitadas em remakes que embalaram a segunda metade da década de 1980 e os anos de 1990, como Selva de Pedra, Pecado Capital e Irmãos Coragem.

A autora é um fenômeno! Suas novelas foram vendidas e exibidas em diversos países e personagens criadas por ela se tornaram inesquecíveis nas memórias de muitos de nós. Diante disso e de tantas outras conquistas, será sempre lembrada como uma das autoras mais importantes do Brasil, capaz de transbordar emoção com seus folhetins de assinatura única.

Francisco Cuoco (Carlão) e Betty Faria (Lucinha) em Pecado Capital

O início

Na época em que o aparelho mais comum nas casas era o rádio, Janete Clair dava ali seus primeiros passos. Começou como atriz e locutora na rádio Tupi lá no início dos anos 1940, mas levou pouco tempo para engatar no processo da escrita criativa. Não parou mais. Escreveu dezenas de radionovelas e alcançou multidões antes de migrar para a nova tecnologia que embalava aqueles tempos: a televisão.

Gloria Menezes, Tony Ramos (Ana Preta, André) em Pai Herói

Sua ida para a Globo aconteceu no final da década de 1960, ao ser convidada para dar um novo rumo aos personagens da novela “Anastácia, a mulher sem destino”, uma adaptação comandada pelo saudoso Emiliano Queiroz. Pouco tempo depois, o seu jeito de fazer teledramaturgia foi consolidado ao escrever “Véu de Noiva” em 1969. Dali por diante, Janete Clair não pararia mais. Entre seus maiores sucessos, além dos já citados, há como acrescentar Pai Herói, O Astro e Sétimo Sentido, todas elas se tornaram exemplos de como os enredos, entrelaçamento de tramas e perfis psicológicos de personagens tão marcantes se tornaram importantes na teledramaturgia brasileira.

O Astro (1977) – Herculano Quintanilha (Francisco Cuoco) 

Janete Clair imortal!

Janete Clair (Jenete Emmer) nasceu na cidade de Conquista, Minas Gerais, em 25 de abril de 1925. Seu nome artístico surgiu inspirado em Clair de Lune, de Debussy. Foi casada com o também autor e saudoso Dias Gomes.

Alfredo Dias Gomes, filho da autora, no intuito de comemorar os 100 anos de Janete, preparou diversas homenagens a ela, como o Single “CLAIR DE LUNE IN JAZZ” e o curta-metragem “A ESCRITORA” (com lançamento no Cine Joia, no dia 26 de abril, às 20h), além da exposição “JANETE CLAIR 100 ANOS – A USINEIRA DE SONHOS” (que estará no Museu da Imagem e do Som, a partir do dia 28 de abril). “Minha mãe transformou as telenovelas, criando um modelo de novela brasileira que foi exportado para todo o mundo, além de ter formado muitos autores, como Gilberto Braga, Silvio de Abreu e Glória Perez”, revela o baterista, compositor e filmaker.

Para a neta Renata Dias Gomes, também roteirista, “Ela fez o povo brasileiro amar novela, entender de novela, fez a novela pautar o país. Temos um produto audiovisual que durante anos conversou com um país inteiro. E na estrutura do gênero, ela concebeu a novela brasileira como a gente conhece hoje. Além de ter começado a investir em histórias paralelas e ganchos a cada bloco, foi Janete quem passou a tratar o capítulo como uma obra completa. A Glória Perez sempre fala, e eu concordo, que antes de Janete se escrevia novela a metro. Janete passou a cuidar de cada capítulo como uma peça completa, com começo, meio e fim e equilíbrio das emoções e das histórias para que cada capítulo seja uma experiência única pro espectador. Todo autor persegue isso até hoje.”

Janete Clair e Tony Ramos

Literatura – outro legado de Janete Clair

Nenê Bonet, livro escrito pela autora de novelas, está de volta numa segunda edição revisitada pela Editora Instantee especialmente desenhada para este momento. O romance folhetinesco é muito mais do que um presente para os fãs, ele vai de encontro aos que desejam conhecer o tipo de narrativa de Janete Clair, com reviravoltas únicas e personagens enigmáticos.

Irmãos Coragem – Tarcísio Meira

Com tantos remakes de novelas, fica a pergunta: será que caberia uma adaptação do livro? “Já houve uma adaptação de Nenê Bonet para o teatro. Acho que uma adaptação para a televisão seria perfeita, já que minha mãe escreveu o romance originalmente no formato de uma telenovela”, sugere Alfredo.

Renata também comenta sobre uma possível adaptação da obra para a televisão: “Certamente! Quando minha avó criou Nenê Bonet, ela pensava numa minissérie. Eu acho que cabe tanto como minissérie, quanto, com mais adaptações, para uma novela das 18h.”

Algumas tramas que Janete Clair escreveu para a Rede Globo também foram adaptadas para livro. A Coleção Grandes Novelas (ed. Globo), por exemplo, traz algumas adaptações feitas por Mauro Alencar. Você encontra na Amazon. Há também como revisitar outros folhetins adaptados da autora através de outras duas coleções: As Grandes Telenovelas (ed. Bloch e ed. Riográfica) e Campeões de Audiência: Telenovelas (ed. Globo), essas encontradas com maior facilidade no Estante Virtual.

Janete Clair: inesquecível!

A última novela escrita por Janete Clair foi “Eu Prometo”, trama de título forte, que trouxe Francisco Cuoco e a saudosa Dina Sfat numa contenda sobre manter o prestígio político ante viver um grande amor. Com colaboração de Glória Perez (que depois assumiu a continuidade do folhetim com supervisão de Dias Gomes), a trama era exibida às 22h. Janete escreveu os primeiros 60 capítulos, falecendo em 16 de novembro de 1983.

“Eu nasci dois meses antes da minha avó falecer. Ela já estava muito doente quando soube que meu pai teria um bebê e fez o possível para me ver nascer. Não tenho lembranças com ela, mas sou muito grata por esse último esforço. Ela dizia que queria ver a novela estrear e a neta nascer.  Meu primo Ricardo, 3 anos mais velho, tem lembranças dela e sempre contou com muito carinho”, conta Renata Dias Gomes.

Para Alfredo Dias Gomes, “Como mãe, o que me marca ainda hoje é o amor que sinto por ela. Penso nela todos os dias da minha vida e sinto a sua presença em tudo que faço. Como escritora, o que me impressiona é a crença que ela tinha em seu trabalho, a confiança de que alcançaria o sucesso, sua capacidade de enfrentar desafios, tanto na carreira quanto na vida.”

Serviço:

 

Lançamento do curta-metragem A Escritora e do single Clair de Lune In Jazz:

Cine Joia, dia 26 de abril, às 20h.

Av. Nossa Senhora de Copacabana, 680 – Shopping 680 – Subsolo – Rio de Janeiro.

Instagram: https://www.instagram.com/cineteatrojoiacopacabana/

Telefone: (21) 9.6930-5950

 

Exposição Janete Clair 100 anos – A Usineira de Sonhos:

MIS, a partir de 28 de abril, de segunda a sexta, das 10h às 17h.

Rua Visconde de Maranguape, 15 – Lapa, Rio de Janeiro.

Site: https://mis.rj.gov.br/v1/

Instagram: https://www.instagram.com/mis.rio/

Facebook: https://www.facebook.com/MIS.RJ/

 

Livro Nenê Bonet – 2ª edição

Editora Instante

contato@editorainstante.com.br

Instagram: https://www.instagram.com/editorainstante

Facebook: https://www.facebook.com/editorainstante

 

Coleção “Grandes Novelas”

Editora Globo

Onde encontrar: www.amazon.com.br

 

Coleção “As Grandes Telenovelas”

Editora Bloch, Editora Riográfica

Onde encontrar: www.estantevirtual.com.br

 

Coleção “Campeões de Audiência: Telenovelas”

Editora Globo

Onde encontrar: www.estantevirtual.com.br

 

Por Alexandre Novaski
roteirista.alexandre@gmail.com