Foto: Alexandra Martins 

Segundo o ator o desafio foi grande ao escrever a peça Sete Minutos, publicado pela Editora Cobogó. No livro Antonio Fagundes conta como um ator veterano abandona o palco no meio de uma apresentação de Macbeth, de Shakespeare, irado com as interferências da plateia – barulhos de celulares, embalagens de comida. “O fazer teatral e a relação do público com o teatro são os temas do debate dos personagens nos bastidores, enquanto uma multidão indignada com a interrupção da peça se reúne do lado de fora”, revela Fagundes no bate-papo, no lançamento do livro na Livraria da Travessa, no Shopping Leblon, Rio de Janeiro. Combinando reflexão, humor e crítica, Fagundes faz de Sete minutos uma declaração de amor ao teatro, considerado pelo protagonista o “último reduto de humanidade; a última esperança do calor humano, de contato real”. Escrita em 2002, a peça também antecipa a crise de concentração causada pela tecnologia, ao apontar o desafio de lidar com uma audiência programada para prestar atenção por não mais de sete minutos – o tempo calculado para um bloco de programa de televisão entre seus intervalos comerciais.

No palco como MacBeth, de Shakespeare, na peça Sete Minutos

Antonio Fagundes é considerado um dos atores mais reconhecidos e prolíficos do Brasil, Fagundes ganhou notoriedade por suas performances nas telas e nos palcos. Recebeu vários prêmios ao longo de sua carreira de mais de cinco décadas, incluindo quatro Prêmios APCA, dois Prêmios Molière, dois Prêmios Qualidade Brasil, e dois Troféus Imprensa, além de ter recebido indicações para dois prêmios Grande Otelo e quatro Prêmios Guarani.

Conheça um trecho do livro: “Talvez sejamos os últimos a ainda exigir atenção. Paciência, cuidado, paixão. É a nossa falha. Queremos a alma de quem nos procura, não o dinheiro. Andamos na corda bamba da emoção, aqui em cima do palco, exigindo em troca, apenas, a rede carinhosa de proteção da plateia.”